A peça narra o encontro entre um toureiro e o seu oponente, um touro bravo em plena arena. O toureiro (El Niño) é gravemente ferido no começo do embate e, a partir daí, inicia-se um inusitado diálogo entre os dois.

Durante toda a vida, ambos foram preparados para este confronto e ambos acreditaram que eram protagonistas de uma grande arte. Entretanto, a realidade se impõe pouco a pouco e eles passam a questionar os valores que lhes foram repassados e até mesmo o sentido dessa grande arte para o mundo de hoje, levando-os a um embate de idéias e a um final emocionante e poético.

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A tauromaquia (nome oriundo do grego, que significa “luta com touros”) está presente em diversos vestígios desde a Grécia Antiga até os dias atuais. Adorada no passado e condenada na modernidade, tornou-se símbolo de valentia e status de patrimônio cultural em alguns países e permaneceu no imaginário coletivo como a representação da valentia, da luta entre a força irracional da natureza e a inteligência e destreza do homem.

Nas artes, as touradas estiveram presentes nas imagens de Botero, Goya; em filmes de Orson Welles e Almódovar e nas obras de Hemingway e até mesmo o nosso João Cabral de Melo Neto escreveu poesias em que valorizava a bravura de toureiros, como Manolete. Mas, para os personagens de Rodolfo Santana, a tourada é o destino inevitável para o qual veem suas vidas serem empurradas e a principal forma de expressão, com a qual se comunicam com o mundo à sua volta.

Todos estes elementos fazem de “MATADOR” um espetáculo de rara beleza e, ao mesmo tempo, rico, instigante, provocante, divertido, tocante e poético, que provoca o questionamento sobre o valor da arte no mundo atual. Indiretamente, traz uma defesa da natureza (não apenas dos animais, mas também da própria humanidade), discutindo sobre o destino que queremos construir para o mundo e para nós mesmos.

Trata-se de uma obra ímpar, levada à cena em diversas partes do mundo e que agora terá a chance de ser apreciada pelo público carioca e brasileiro.